sexta-feira, 30 de outubro de 2015

Halloween

O amor chegou hoje. E eu, que da última vez tinha dito, passe outro dia, tive de lidar com esse estranho que resolveu chegar. Foi no meio do pinot noir, do edam e dos damascos, tarde de compras que também incluiu lâmpadas e creme dental. Chegou pra esfriar meu sofá.  Pra me fazer olhar as janelas e nem ver. Tirando minha fome e travando a garganta, que ainda está um nó.

Chegou me dando vontade de dormir. Na rede, abraçada, juntinho, colada. Estabelecendo parâmetros e perspectivas, parecendo uma pesquisa científica, um novo paradigma. Veio feito um puto, pronto pra briga e, eu, na minha. Olhei e foi só cansaço, estou rendida faz tempo, tem necessidade disso não, cara.

Dia das Bruxas, 13º, vontade de comprar uma bicicleta e sair por aí. A crônica de Xico Sá no El país, falando de quando o amor começa e de Love em 3D. Que insistência e que coração desaprumado esse meu.

Sexta-feira e eu bebendo o vinho do amor inesperado.

Carlota

30102015

quinta-feira, 8 de outubro de 2015

De leve

Eu poderia dizer mil vezes que eu não tenho nenhuma leveza. Que sou uma alma angustiada. Que tenho uma gastrite que me ataca de vez em quando e me obriga a um tratamento de 30 dias com omeprazol. E que óleo essencial de lavanda pra mim é tão necessário quanto um beijo bom.

Eu queria mesmo era dizer de novo que não, não sou calma. E que dentro de mim ficam se balançando todas as cartas do tarô: o diabo, o eremita, o louco, a roda da fortuna, sol, lua e imperatriz. E que jogo o I Ching e ele me aconselha a ficar em silêncio, a perceber as virtudes do sábio, a observar a natureza da água, da montanha, do ar.

Aproveito e entrego que leio mensalmente o horóscopo de Susan Miller. E digo, puta merda, de novo Saturno tá lascando minha vida! Que já pensei em jogar tudo para o alto e se não jogo nunca é porque alguns laços são queridos e importantes demais. Que bate um cansaço do caralho quando a rotina ainda me inclui um trânsito insuportável e viagens de avião em pequenos intervalos. E que gosto de Jack Daniel’s e Malboro. E sinto falta de dançar.

Mas também quero falar dessa vontade de distribuir amor quando estou feliz. Que envio ondas mentais de carinho para meus queridos. Que saudade quando aperta me faz ligar e propor um café, uma cerveja, qualquer desculpa para conversar bem muito e abraçar ainda mais. 

Que abraço pra mim é o cumprimento mais legal do mundo. E nele entrego bons desejos. E recebo ondas e mais ondas de coisas lindas. E talvez daí chegue uma leveza de quem franze a testa apenas porque é míope. E, pela miopia, às vezes deixa de reconhecer alguém ou perceber o quanto uma criatura é interessante.

E esse arrodeio todinho foi para agradecer às pessoas da minha vida, e aos que estão pertinho apenas pelo bem-querer, os abraços, beijos e afagos pelo meu ano novo. E pela leveza que veem em mim.

Carlota

08102015