sábado, 23 de fevereiro de 2013

Os homens, essa raça perdida


Comento com amigas sobre um affair recente. E, a exemplo de receita de bolo em que cada um tem a sua, duas se põe a me dar conselhos amorosos para preservar a conquista, estimular uma nova aproximação, convidar para o cinema. Sim, minha gente, na insegurança de encarar uma novidade promissora, haja conselho pra não assustar o cara de quem a gente, simplesmente, ficou a fim.

Por favor, SMS sem muita paixonite, uma coisa tranquila, tipo assim, vamos ao cinema? E se a gente quase esquece a criatura e a pessoa inventa de ligar quando todo mundo está almoçando num mercado, curtindo um domingo pra lá de bom, a cara e o sorriso denunciam: a gente adorou. E não teve SMS não!

Deixa que ele liga. E lá vou eu, será? E foi nesse ínterim que surgiu o comentário: sabe lá, pra não assustar essa raça perdida. Pois é. Que triste! Porque podia sim ser só “que feliz!”. Século 21 e eu tendo de usar subterfúgios pra não assustar marmanjo? Ai que chato, que saco! Assustar com o quê, cara pálida?

Se os dois estão a fim, pra que esperar a intervenção divina, a invenção humana, um momento em que as operadoras de celular finalmente colaboram e permitem a comunicação? Taí uma analogia pra outra crônica: uma operadora que simplesmente implica com a outra e impossibilita qualquer mensagem, qualquer ligação, contato verbal.

De boa, fico relembrando as crônicas de Xico Sá, quando ele fala da atual covardia masculina para assumir ficar ao lado de uma mulher inteira, bonita, resolvida, alegre, bem sucedida. E aí que com a indecisão do macho escorregadio, do cara que não liga no dia seguinte, que esquece a gentileza, haja solidão. Quando se poderia, se quisesse, curtir o que fosse, por uma noite, por dias seguidos, sem pressão.

Porque nem toda mulher quer compromisso. Pode se querer uma companhia para sexo bom ou cinema. Praia, futebol, café. Sei lá. Se meu mundo já está estruturado, não é agora que eu vou mexer em tudo. Mas se o cara quiser chegar junto, talvez surja um novo. E então?

E após conselhos, emails, ligações, SMS, encontros e desencontros, admito: não sei jogar. Não consigo fingir desinteresse se estou interessada. Não disfarço fomes, quando elas persistem. Não deixo de lado possibilidades. E se os homens são uma raça perdida, não sei. Generalizações terminam virando erros de julgamento. Como dessa vez em que encontrei olhos da cor do mar em dia de céu nublado num olhar de perdição. E me encontrei. Aliás, nos encontramos, minha criatura perdida.

Carlota
23022013

quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013

Um amor, esse Carnaval

E quem se prepara quando se depara com um amor de carnaval? Será que vem, fica, vai?

Com beijo que derrete a alma junto, com abraço que esquenta mais que sol de meio-dia em plena ladeira de Olinda, ali nos quatro cantos do mundo onde a gente se encontrou, mas já era quase cinco, tem calor maior não. 

E com pirata de olho pintado, colombina de olho pintado, ela Náutico, ele Santa Cruz? Olho escuro, olho claro, pele negra, pele clara, libra e libra, galo, dragão, pedestre, motociclista, cerveja, cinema e folia no pacote do em comum.

 E se consultam os búzios, i ching, tarô, horóscopo chinês quando as operadoras entram em pane e se entra em pânico com o desencontro. Então se reconhecem em outras fantasias e se encontram quando nem se esperava mais. E no que o tempo vai embora, quando nem se consegue mais pular o Vassourinhas e a multidão vira borrão, eles se vão. E o que eram três dias, são isso, três dias.

E ninguém se prepara quando se depara com um amor de carnaval. Ninguém avisou que o sábado que amanheceu de preguiça e quase que nem se vai pras ladeiras ia chegar com sol e alegria. E esse beijo, vige Maria!

Carlota
13022013