domingo, 29 de setembro de 2013

Facas, batons e malabares



Terça-feira última, desta semana na qual fiz aniversário, encontrei Gabriela. E, na conversa, disse pra ela: preciso de uma faca! Se alguém quiser me dar um presente de aniversário, me dê uma faca, por favor! Ela rindo daquele desabafo de quem está sem funcionária desde janeiro e precisa alimentar a prole. Pois é, maior simplicidade né? Mas vá cortar um bife com uma lâmina cega. Uma infelicidade, um tempo perdido, uma agonia e eu querendo cometer um harakiri!

E como a amiga é atenta aos meus librianos apelos, recebi hoje de suas mãos um belíssimo exemplar da marca Tramontina. Pense numa alegria. Amei o presente. Amei que veio dela, essa criatura tão boa cozinheira, além de bela. Que de quebra me traz Mariana. E recado dos que não puderam ir almoçar comigo neste domingo.

E então lhe prometi uma crônica, assim, tão singela quanto o pedido atendido. Mas vital, sabe? E então vou ainda incluir Alfredo com o licor de fruta; Silvana com o hidratante Victoria's Secret; Anna com o batom lindamente vermelho, a cor da sorte porteña (eita saudade de Buenos Aires, Anninha). E minha família, que após anos resolveu comparecer! Os filhos bem juntinhos. Café da manhã na cama (eita, foi antes isso) do caçula. Uma amorosidade, derretimento, Bruna, Teresa, Bosco, Wal, Carlinhos, Gecira.

E o que a faca tem a ver com um aniversário? Tem porque descobri por esses dias que, no momento, estava precisando de quase nada. Tenho inúmeros vestidos e sapatos. Uma casa minha. Mesas, cadeiras, sofá. Cama, chuveiro, jasmim e goiabeira. Anéis. Colares. Brincos. Bolsas. Lápis aquareláveis e papéis especiais. Dinheiro podia ser mais, pra viajar talvez.  

Não que minhas necessidades sejam poucas. Preciso de doses diárias de beijos e afeto. Preciso de pessoas alegres. De desafios. Literatura. Beleza. De lua cheia. De abraços. Praia. Caminhada. Parque. Casas para visitar. Orações.  E a precisão, sempre muita, também é atendida. Com um escancaramento de felicidade quando consigo ter tudo quase junto. E aquele banzo suave ou incômodo que chega quando fico perdida em temporais.

Minha querida, podia falar do simbolismo de uma lâmina tão afiada. Pra cortar amarras, além do bife diário. Pra ceifar as ervas daninhas do coração. Pra empoderar e fazer de mim uma valente guerreira! A de boca e anel vermelhos. De paixão. Verdadeiramente, cortar os pesos e ver nessa ausência de quereres materiais um lance mais gostoso. O de estar. O de não ter vergonha de ser. O de, novamente, curtir reunir os amigos para o aniversário (ano passado me escondi um pouquinho, mas foi preciso).

Quando acordei hoje, meu dia, meu ano novo começando, pensei em presentes humanos. Nesses meninos impossíveis e bagunceiros. Nos seus sorrisos. Nos seus beijos. Pensei na leveza de estar me sentindo bem. Li mensagens no facebook. Li mensagens no celular. E teve tanto afeto, sabe? Desses imensos e que, agora, me dão aquela puta vontade de chorar de alegria. Porque é essa intensidade, essa vida que carrego, esse amor todinho, essa Carla menina louca por brigadeiro e a mulherzinha que quer batom vermelho, a da cerveja e Adilson Ramos. A escondidinha fazendo haicais. Uma clandestina que vez em quando pega um bonde errado (e mesmo assim ótimo). E essa previsível mãe de três filhos, 44 anos completados às 11h30 de hoje. Libriana, com ascendente em capricórnio e libra no meio do céu. E, pra encerrar, os malabares. O imprevisível daquilo que a gente não vê.

Um beijo, bem vermelho :)

ps: te amo, tá?!

Carlota
29092013

quinta-feira, 12 de setembro de 2013

Marina


O que se espera quando se escolhe o nome de uma filha? Primeiro, se espera ela, justo ela, a que reinaria absoluta entre dois irmãos. O que significa: adeus à síndrome do filho do meio. Ela  reina, independente de qualquer coisa. Que gênio é esse? E que doçura nesse jeito doce que ela tem. Uma morenice que vai impregnando a gente e de repente, sem querer, um enredamento nessa pessoinha tão linda e viva, viva, viva.

O que poucos sabem é que, ao escolher o nome da minha menina, Marina, fiz inspirada por uma aluna de jornalismo: Marina Moser. O que chamava a atenção? O fato dela ter uma vibe instigada, ser decidida, saber o que queria desde logo. E eu, grávida de alguns meses, pensava: quero que minha filha seja forte assim, tenha esse riso, esse jeito de quem quer pegar a vida com as duas mãos e dizer que sabe sim o que fazer com ela.

Anos depois, reencontrei a ex-aluna. E o abraço funcionou para lhe contar que minha filha tinha seu nome. Não em homenagem, não pela convivência, que foi pouca. Mas pelo tudo que em pouco mais de quatro meses ela, como aluna, foi me mostrando. E ouvi-la dizer que eu estava bem depois daquele tempo, e saber que tínhamos uma amiga em comum, e vez em quando encontrá-la em algum bar com pessoas legais, só me fez entender que aquele brilho, aquele olho de quem vê coisas ruins e boas e sabe quais são elas, inspirou e carregou de uma energia boa o nome que decidi dar à minha filha.

O pai e uma amiga disseram: coloca Morena. Eu respondi: seria óbvio demais sendo minha filha. E, sendo ela quem é, tudo seria, menos óbvia. Pois sua morenice, beleza, doçura, força, tem em parte tudo o que desejo de bom pra todos aqueles que eu amo muito. Que haja encontro, poesia, beleza, chuva, cuidado, comida comida junto, sonho, perfume, energia e traços de transgressão. Porque sem ela, ah, sem ela, a vida estaria perdida!

Com um beijo e abraço de aniversário para a bela Marina Moser, que ontem tive o prazer de reencontrar. Feliz aniversário, Marina!

Carlota
120913