Conversa mansa, olho bom, pele morna, beijo quente, abraço
longo. Saudade se esvai quando eles surgem. Na tarde linda, olhando o céu azulzinho, em meio a móveis
turquesa – eita cor linda – parei um pouco de lhe ver para observar aquele
pedacinho de plástico que caiu refletindo o sol. E brilhava, o danado. Tanto
que me lembrou a última cena de Beleza Americana, quando uma sacola de supermercado
dança ao vento, em um momento repleto de poesia.
E a gente faz literatura, arte, trela. A gente se revela, se
esconde, se encontra. A gente é tudo quando a gente quer ou menos se espera. A
gente é um jeito de amar. O da gente. Esse aí.
Há cafés, sandubas, saladas. Há uísques, cervejas, sucos,
água. Há a sua imagem se recostando na cadeira, todo o tempo do mundo, só pra
me ouvir. Ela está em minha retina agora. Prova de uma cumplicidade que faz
aniversário amanhã. Ou em qualquer dia no qual a gente se veja. Porque a gente
festeja.
E a reciprocidade de amar a vida, cada um ou em conjunto, é
um pouco o que a gente é. Talvez seja o segredo de não haver o passar do tempo,
sentido como se fosse perda. O passar do tempo só vai mostrando essa forma própria de viver. Seja lá o tempo que for.
Carlota
07062013