sábado, 10 de março de 2012

Abraços


Uma noite dessas entrei no quarto do meu filho para vê-lo dormir. Abri a janela, ajeitei o lençol, acariciei seu rosto, enroscando a mão direita em seus cachos claros, com suavidade, para que não despertasse. E escuto a voz rouca desse menino/rapaz que quase ultrapassa sua cama dizendo: mãeeee. Estendeu para mim seus braços e me prendeu entre eles, num momento de encaixe entre nós dois. Beijei-o, desejei-lhe boa noite, sonhos felizes, o abençoei com meu deus. E o coração nesse momento encontrou paz.

Quando ainda éramos casados, o pai costumava sempre ir ao quarto deles, como a protegê-los no sono, com beijo de boa noite quando chegava tarde. E nesse momento meu filho mais velho falava dormindo “eu te amo, pai”. No que eu suspirava, quase em ciúme, porque nunca consegui o mesmo. Então que esta semana, quando ele me abraçou, disse a mim mesma: agora ele também me sente.

Pode ser um grito desesperado, um abraço. Pode ser nossa forma de não gritar. Usando o facebook, lembro de ter lido o post de uma ex-aluna pedindo um abraço. No que prontamente foi atendida em uma série de comentários de afeto. Ainda ontem uma amiga falou na vontade de um abraço de mãe. Amparo, aconchego ou apenas a familiaridade de quem nos recebe sem perguntas, com nossas luzes e sombras, nesse abraço materno.

O meu era de vó. Uma matrona poderosa, calada e observadora. Que me deixava deitar ao seu lado, abraçando aquele corpo gordinho e quente. Se havia tristeza, era partilhada. Se havia dor, ela ia se esvaindo. Se era felicidade, alegria, alegria nesse abraço de vó.

Esta semana foi pautada por abraços. Começando no domingo, pelo de minha filha, geralmente a primeira a se afastar do carinho. Acostumada que estou a uma certa impaciência dela em abraços demorados, estranhei quando ela me puxou novamente, ampliando  a permanência de nós duas.

O abraço é um jeito de ser sincero e falar “hoje eu pensei em você”. Também uma maneira de sentir por inteiro, de vislumbrar a alma ou confessar: preciso, preciso, preciso. Recebi e dei abraços esta semana. Alguns quase pedi. Outros, espontâneos e tranquilos, abriram caminho para um riso entregue, cumplicidade, certezas. Não abracei uma causa, não abracei meus vizinhos, anda travo com algumas pessoas. Mas ele está lá, porque hoje pensei em você. E desejei lhe abraçar.



Para amigos muito queridos, na sequência da semana: Pedro Bezerra, Jullimária Dutra, Gabriela Valadares, Ana Maria, Margarette Andrea, Pedro Medeiros, Cláudio Bezerra. E, também, aos três seres fantásticos que me recebem e acordam com beijos, abraços, felicidade: Igor, Marina, Ian.

Carlota
10032012

8 comentários:

  1. muito fofo!!!!!!!!!
    Adorei!
    E UM GRANDE ABRAÇO!!!!!!!!!!

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  2. beijo, abraço, muito amor pra tu :)

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  3. Que postagem mais linda, mais doce, mais repleta de algo pra lá de supremo...

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  4. Cada leitura de texto da Carla desperta em mim um aperto gostoso no peito.
    Memórias, saudade, afago, tristesas e alegrias compensadoras...
    Que texto remoso... saudades do abraço da minha mão... distante...

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  5. Abraço é uma espécie de aroma que a gente guarda na lembrança pra viver ele de novo vez em quando. Abraço, Gabriel.

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