Primeiro a necessária dose de paciência para que ele vencesse
a resistência em me contar a história do livro. “Muito besta, mãe”. Depois, para
que ele não suprimisse um personagem só porque ele aparecia pouco. E, depois,
saber do final e se ele tinha trazido alguma coisa, uma lição, uma forma de ver
o mundo (se bem que eu acho que nem todo livro infantil precisa funcionar como uma fábula. Poderia simplesmente ter uma boa história). Consegui fazê-lo perceber a proposta do autor. E disse que era importante para
fechar o resumo. Meu querido acata a sugestão e parte para a escrita.
Solidária, fiquei no sofá enquanto ele traduzia o resumo. Li
uma Piauí quase toda, quase cochilei, quase desisti da companhia. Quando dei
por mim, o bichinho tinha dormido apoiado na mesa e eu, mãe, agarrei o coração
na mão e acordei, dizendo para ele terminar. No final, quando o ritmo já estava
mais adiantado, colaborei dizendo umas palavrinhas. E
ainda opinei se não dava para deixar o resumo um tantinho mais enxuto. Aliviados
com o final da história, do resumo, da tradução, daquela noite para a qual
tinha me proposto ver um filme e tomar uma taça de vinho, vamos os dois dormir.
E escuto um “obrigado, mãe” que me fez ir até ele, conversar mais um pouquinho,
amenizando o esforço que tínhamos feito em conjunto.
Nessa de me olhar no espelho enquanto ando pelo quarto, ele
entra e a gente se esbarra. Percebo que meu filho mais velho, de quase 14 anos,
está mais alto do que eu, que tenho 1,65m. Coisa mais doida, essa. Ter um bebê no colo um
dia desses e de repente ver o crescimento como algo de uma vez só, sem etapas
(algumas a gente deixa passar). Quando é que aconteceu, hein? Naquela
espreguiçada que a gente deu pela manhã? Na praia, enquanto eu andava e você
dormia? Num domingo? De repente aquele menino está me obrigando a levantar os olhos para
falar com ele. Não deixei a oportunidade passar. Puxei para junto de mim, dei um
abraço daqueles laterais - para poder ver a diferença de tamanho em frente ao espelho - e ri um riso
bom danado, com ele junto, cacheado, olhos grandes, afeto de quem está bebinho
de sono mas dá uma colher de chá pra mãe.
Então eu, que tenho quatro afilhados e três filhos e no
caçula percebo traços maiores da infância, decidi: vou curtir o 12 de outubro
com leveza, brigadeiro, pipoca, abraços e um passeio caprichado.
Aproveitar minhas crianças (a que eu tenho em mim também), cada fase, cada fala, cada forma de chegar, permanecer, mudar. Lembrando Marina há alguns anos: dá pra tu ser criança só um
pouquinho mãe? Para o que respondi com o gesto de agarrar a imensa bola
colorida e ir brincar com todos três naquele parque. Feliz Dia das Crianças, queridos!
Carlota
11.10.12
Ps.: Para Igor <3 p="p">3>
Ps.: Para Igor <3 p="p">3>
Muito bom! De fato que não vemos o "comprimento" do tempo passar e nem o quanto o nosso amor aumenta (quando percebemos já é incondicional). O meu tem 2 anos e meio e ainda sinto as contrações do pré-parto rsrsrsrs. Por isso é necessário curtirmos cada pedacinho deles, cada centímetro de suas palavrinhas e cada momento que eles querem passar com a gente (o que vai se tornando cada vez mais raro). Parabéns!
ResponderExcluirO melhor é que cada fase nos dá um filho novo de presente. Sem que a gente perca os antigos. Curte bem essa coisinha deliciosa de 2 anos e meio. E obrigada por ter curtido por aqui :)
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