quinta-feira, 11 de outubro de 2012

Dia das Crianças

Ontem à noite fui surpreendida por um pedido ainda no caminho para casa. Neguei. Nada de usar o tradutor do google para o texto solicitado pela professora de inglês. Espera eu chegar que a gente resolve. E lá vou eu explicar que não seria correto, porque o objetivo ali era aprender a criar um resumo e depois disso, a traduzir, observando um pouco as adaptações necessárias de um para o outro idioma. Isso garantiu-me uma certa cara feia do primogênito, além de uma noite de sono relativamente mais curta.

Primeiro a necessária dose de paciência para que ele vencesse a resistência em me contar a história do livro. “Muito besta, mãe”. Depois, para que ele não suprimisse um personagem só porque ele aparecia pouco. E, depois, saber do final e se ele tinha trazido alguma coisa, uma lição, uma forma de ver o mundo (se bem que eu acho que nem todo livro infantil precisa funcionar como uma fábula. Poderia simplesmente ter uma boa história). Consegui fazê-lo perceber a proposta do autor. E disse que era importante para fechar o resumo. Meu querido acata a sugestão e parte para a escrita.

Solidária, fiquei no sofá enquanto ele traduzia o resumo. Li uma Piauí quase toda, quase cochilei, quase desisti da companhia. Quando dei por mim, o bichinho tinha dormido apoiado na mesa e eu, mãe, agarrei o coração na mão e acordei, dizendo para ele terminar. No final, quando o ritmo já estava mais adiantado, colaborei dizendo umas palavrinhas. E ainda opinei se não dava para deixar o resumo um tantinho mais enxuto. Aliviados com o final da história, do resumo, da tradução, daquela noite para a qual tinha me proposto ver um filme e tomar uma taça de vinho, vamos os dois dormir. E escuto um “obrigado, mãe” que me fez ir até ele, conversar mais um pouquinho, amenizando o esforço que tínhamos feito em conjunto.

Nessa de me olhar no espelho enquanto ando pelo quarto, ele entra e a gente se esbarra. Percebo que meu filho mais velho, de quase 14 anos, está mais alto do que eu, que tenho 1,65m.  Coisa mais doida, essa. Ter um bebê no colo um dia desses e de repente ver o crescimento como algo de uma vez só, sem etapas (algumas a gente deixa passar). Quando é que aconteceu, hein? Naquela espreguiçada que a gente deu pela manhã? Na praia, enquanto eu andava e você dormia? Num domingo? De repente aquele menino está me obrigando a levantar os olhos para falar com ele. Não deixei a oportunidade passar. Puxei para junto de mim, dei um abraço daqueles laterais - para poder ver a diferença de tamanho em frente ao espelho - e ri um riso bom danado, com ele junto, cacheado, olhos grandes, afeto de quem está bebinho de sono mas dá uma colher de chá pra mãe.

Então eu, que tenho quatro afilhados e três filhos e no caçula percebo traços maiores da infância, decidi: vou curtir o 12 de outubro com leveza, brigadeiro, pipoca, abraços e um passeio caprichado. Aproveitar minhas crianças (a que eu tenho em mim também), cada fase, cada fala, cada forma de chegar, permanecer, mudar. Lembrando Marina há alguns anos: dá pra tu ser criança só um pouquinho mãe? Para o que respondi com o gesto de agarrar a imensa bola colorida e ir brincar com todos três naquele parque.  Feliz Dia das Crianças, queridos!

Carlota
11.10.12 

Ps.: Para Igor <3 p="p">

2 comentários:

  1. Muito bom! De fato que não vemos o "comprimento" do tempo passar e nem o quanto o nosso amor aumenta (quando percebemos já é incondicional). O meu tem 2 anos e meio e ainda sinto as contrações do pré-parto rsrsrsrs. Por isso é necessário curtirmos cada pedacinho deles, cada centímetro de suas palavrinhas e cada momento que eles querem passar com a gente (o que vai se tornando cada vez mais raro). Parabéns!

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  2. O melhor é que cada fase nos dá um filho novo de presente. Sem que a gente perca os antigos. Curte bem essa coisinha deliciosa de 2 anos e meio. E obrigada por ter curtido por aqui :)

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