quarta-feira, 4 de abril de 2012

Coisinhas

Sou apegada a coisas miúdas. Rascunhos, brincos, gestos uns. Pequenos objetos, como o vasinho de porcelana florido que o vento fez cair do terraço. O cheiro de giz de cera. Seixos coloridos.

Parecem eles mais abertos a serem amados. Os traços com bico de pena, aquele terço embaraçado. Eu amo coisinhas.

Como a cachorrinha lá de casa, divertida companhia que me roubou das manhãs os passarinhos. Quem ousaria entrar na sala agora a buscar farelos, se há entre nós uma caçadora? As manhãs, quando invadiam suavemente o debaixo da mesa em voos rasos, eram mais frescas.

Também me encanto com rostos desarmados, olhares escuros, sorrisos, alguns chuviscos. Lembram espaços a ocupar, memórias, marcadores de páginas. Pedem presença, inspiram afeto.

Uma contradição olhar todas as folhas miúdas do flamboyant. Mas é que o vento sugere a leveza que elas tem. E, nessa dancinha, o que é estático ganha movimento. Minha árvore vibra em raiz.

Do céu, a nuvem. Da praia, o grão. E, surgindo um besourinho, corre o menino e o prende na mão.

Carlota
040412

Um comentário:

  1. Ian é que está falando. Eu gostei, esse menino que pegou o besourinho sou eu.

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