Toda casa deveria ter alpendre, todo apartamento, varanda.
Todo quarto, jardineira. Toda alma vez em quando um sobressalto, susto,
espasmo.
Toda casa deveria ter um dono que nela habitasse e lhe
deixasse marcas. Livros, uma manta sobre o sofá, almofadas, água. Pratos e
talheres, algumas taças.
Há de se ter, também, um balanço em um cajueiro. E alguém
que chegando pela primeira vez nele se balance. E um amigo, outro, que sem
cerimônia lhe roube os frutos.
Uma casa deveria, pelo menos uma vez a cada ano, abrir as
portas para os desconhecidos amigos do dono. Para eles e suas risadas, para as
músicas, o vinho, cerveja, brindes, piadas.
Mulheres e homens de pernas de fora. Cães que se enroscam
quase gatos, filhotes, buganvílias e flamboyants.
Toda casa deveria ser testemunha do riso, da prosa boa, de
ostras ao coco, arrumadinho, bolos, doces e de uma amiga que traz para o
convívio lírios de anjo. De afagos e afeto.
Casa, dono, amigos deveriam ser surpreendidos. Música vira
presente, se torna parte, é carinho inesperado. E, do todo, se sabe: aquele que
fez tem beijos musicados, invenções para dar amor em gesto
s.
Toda casa deveria ter um dono que cobrisse hóspedes de
gentilezas em uma tarde saborosa de sábado. E, eu sei, pelo menos uma delas
está em Vila Velha.
Para Alexandre, Dario e os doces companheiros do sábado, 15.12.
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